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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Watchman Nee - (1903-1972)

Watchman Nee - (1903-1972)


BIOGRAFIA CRISTÃ Nº 7: Nee To-Sheng (1903-1972), também conhecido como Watchman Nee, foi um chinês Escritor; Conferencista; Erudito; Biblicista; Eclesiologista; Localista; Monergista; Dispensacionalista; Mestre Adenominacional; e Líder Restauracionista, reconhecido como uma das principais lideranças cristãs surgidas na China. Os seus escritos exercem influências em pastores e líderes cristãos no mundo inteiro e alavancaram o Movimento Restauração do Senhor.
"Eu [Jesus] Sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido Comigo e Eu com ele, esse dá muito fruto porque sem Mim vocês não podem fazer nada." (João 15:5, NTLH, SBB).
"Ora, vocês são o Corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? / Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons. Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente." (1ª Coríntios 12:27-31, NVI, SBI).
"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor." (1ª Coríntios 13:13, VRA, SBB).

Nee To-sheng
Watchman Nee.
(1903-1972)
Nee Shu-Tsu [Watchman Nee] nasceu em 1903 na China, e aos 17 anos de idade estudou no Trinity College.

Deus utilizou fortemente o ministério de uma evangelista chinesa - Dora Yu - para a sua conversão ao Protestantismo e para o seu aperfeiçoamento e edificação cristã.

Ele foi alcançado para o Evangelho de Cristo quando estava na cidade de Fuchow, na China. Depois de sua conversão, Nee Shu-Tsu [Watchman Nee] alterou o seu nome para Nee To-Sheng, pois existia entre os chineses de sua região o costume de trocar o nome sempre que acontecia um evento especial ou algo marcante em suas vidas. No caso do irmão Watchman Nee o evento especial foi a sua conversão ao Cristianismo.

Nee To-sheng
Watchman Nee.
(1903-1972)
Utilizou o nome em inglês "Watchman" (Sentinela) com o correspondente em chinês "To-Sheng" que significa "alarme de sentinela", pois considerava-se uma sentinela levantada por Deus para soar um alarme na noite escura chinesa. No ocidente, ficou mais conhecido como Watchman Nee.

Watchman Nee "recebeu profunda visão espiritual do propósito eterno de Deus e de Seu mover nos últimos tempos. Seu abundante ministério, por cerca de 30 anos, é reconhecido por todo o mundo como um símbolo de total fidelidade a Deus".

Watchman Nee.
(1903-1972)


Watchman Nee [Nee To-Sheng] é reconhecido como um dos principais líderes cristãos surgidos na China. Os seus ensinos iniciaram o movimento "Restauração do Senhor". "Suas palavras e obras têm sido usadas por Deus para trazer revelação e vida a milhares de cristãos sedentos em muitas partes do mundo, de tal maneira que dificilmente se encontrará um líder espiritual sério com Deus e com Sua Palavra que não tenha sido, de alguma forma, influenciado por seus livros".


(1873-1931)
DORA YU

Entre os evangelistas que o Senhor levantou na China, havia uma jovem irmã cujo nome em inglês era Dora Yu e, em chinês, Yu Tzu-tu. Ela foi salva ainda bem jovem e, mais tarde, enviada por sua família à Inglaterra para estudar medicina. A caminho da Inglaterra, seu navio aportou em Marselha, no sul da França. Naquele momento, ela ganhou um pesado encargo e disse ao capitão que não poderia continuar a viagem e que teria de voltar para pregar o evangelho de Cristo. O capitão ficou perplexo, mas nada pôde fazer a não ser enviá-la de volta para a casa.
Ela saiu de casa, peregrinando pelas ruas e pregando o Senhor Jesus. Ninguém a assalariou. Ela simplesmente confiava no Senhor. Por meios supridos pelo Senhor, ela alugou uma loja num subúrbio de Xangai para a pregação do evangelho. A partir de então, foi convidada pelas denominações para realizar muitas reuniões de pregação do evangelho. Ela viajou extensivamente por muitas províncias fazendo a obra do evangelho, e tornou-se uma testemunha prevalecente para o Senhor. Ela continuou a pregar pelo resto de sua vida, levando centenas de pessoas ao Senhor [Jesus Cristo].
Em fevereiro de 1920, Dora Yu foi convidada para ir a Fuchow, capital da província de Fukien, onde pregou o evangelho num auditório metodista. Sua pregação foi tão convincente e cheia de poder que, depois de cada reunião, podiam-se encontrar fileiras de lágrimas no piso, devido ao choro da audiência. Muitos foram salvos. Entre os convertidos estava uma senhora chinesa muito culta, a mãe de Watchman Nee.

Assim começou a obra do Espírito Santo em Watchman Nee, ou seja, Deus começou trabalhando em sua família.


(1893-1976)
MAO TSE-TUNG

Na primavera de 1920, a mesma estação do ano em que Watchman Nee converteu-se ao Cristianismo, um outro jovem chinês [somente dez anos mais velho que Watchman] estava concluindo sua conversão ao evangelho de Karl Marx. Mao Tse-tung, nascido numa família camponesa, havia participado poucos anos antes da Revolução do Povo. Ele tinha feito sua parte ajudando a defenestrar a Dinastia Imperial que havia controlado a China por séculos.
Assim como Mao procurava um mentor que pudesse ensinar-lhe a ideologia Marxista, o adolescente Watchman estava na busca de um guia que o instruísse nas questões da religiosidade. Mao Tse-tung procurou uma conexão política, que o ajudasse a prepará-lo para que um dia ascendesse à liderança do Partido Comunista da China. Watchman Nee orou a Deus para que lhe fosse enviado um crente maduro, que pudesse ensiná-lo acerca das profundas verdades da Palavra de Deus.
Mao encontrou um Ateísta militante, Chen Tu-hsiu, que mais tarde comandaria a perseguição aos cristãos, na condição de secretário geral do Partido Comunista. Juntos eles governariam a China com mão de ferro. Watchman encontrou uma Anglicana e missionária, Margaret Barber, e juntos, assentaram os alicerces da igreja cristã na China.


Margaret E. Barber.
(1866-1929)

Além da forte influência recebida através do ministério de Dora Yu em sua Escola Bíblica, Watchman Nee também foi ajudado e edificado pela senhorita Barber, uma missionária Anglicana que fora enviada para Fukien, na China.

Antes disso, a senhorita Barber entrou em contato com D.M. Pantom. O Sr. Pantom era um grande estudioso da Palavra e através do seu relacionamento ministerial com ele, Margaret Barber alcançou muita clareza espiritual. A missionária Margaret Barber conhecia o Senhor de maneira viva, pois O havia experimentado e praticava continuamente as lições da cruz. Viveu pela fé, pois não tinha qualquer meio externo de apoio financeiro.

"Por seu relacionamento com a senhorita Barber, Watchman Nee foi grandemente edificado e aperfeiçoado. Sempre que tinha um problema ou precisava de instrução ou fortalecimento espiritual, ia ter com ela". Ela o tratava como um jovem aprendiz e frequentemente administrava-lhe disciplina bíblica.


T. Austin-Sparks foi um evangelista cristão inglês, enviado ainda garoto para viver na Escócia com os seus parentes. Ali recebeu e experimentou o evangelho de Cristo quando tinha aproximadamente 17 anos de idade, enquanto ouvia um grupo de jovens pregadores em Glasgow [lugar em que nasceu o Dr. Robert Kalley]. Em pouco tempo, Sparks estava dando o seu próprio testemunho.

Entre os vários livros que Austin-Sparks escreveu, no mínimo, três são considerados clássicos da literatura cristã: "A Escola de Cristo", "A centralidade e supremacia do Senhor Jesus Cristo" e "Vimos a sua Glória". O tema principal dos seus livros é a exaltação do Senhor Jesus Cristo.

Watchman Nee.
(1903-1972)
O ministério de T. Austin-Sparks alcançou a Europa, América do Norte e Ásia. Foi um importante conferencista ministrando várias conferências no Reino Unido, Estados Unidos, Suíça, Taiwan, Filipinas e outros países. Muitas das suas mensagens proferidas nessas reuniões foram gravadas e um grande número de áudio e livros estão disponíveis nos nossos dias. Ele insistiu que os seus escritos e mensagens não deveriam ser protegidos por direitos autorais, demonstrando um coração livre de ambições e avareza, por isso sua obra está disponível livremente até os dias de hoje.

Muitos dos que treinaram sob o seu ministério tornaram-se missionários e educadores cristãos. Laborou em estreita colaboração com vários líderes cristãos conhecidos no Reino Unido e em outros países: Bakht Singh da Índia; Roger Forster de Forest Hill; Stephen Kaung de Richmond, Virginia; Lance Lambert de Jerusalém, Israel; e Watchman Nee da China.

Dentre os livros de Watchman Nee, os livros de T. Austin-Sparks ocupavam os lugares mais importantes.


Bíblia
Bíblia Antiga.
MÉTODO DE LEITURA BÍBLICA

"Quase tudo o que ele aprendeu a respeito de Cristo, sobre as coisas do Espírito e sobre a história da igreja foi adquirido por intermédio do estudo da Bíblia e da leitura de livros escritos por homens espirituais".

Desde o início de sua jornada cristã, Watchman Nee estudou diligentemente a Bíblia. Vejamos os seus métodos de estudo:

1º Um estudo geral de todos os livros da Bíblia, em sequência, para adquirir uma visão global;

2º Estudo de um livro particular, tal como Gênesis, Daniel, Mateus, Romanos ou Apocalipse, para sondar as profundezas contidas naquela parte da Palavra;

3º Estudo de assuntos particulares, tais como: a superior aliança, as dispensações, a segunda vinda de Cristo, o reino e o arrebatamento, para apreender a esfera completa de certas verdades;

4º Estudo individual de palavras tais como: redenção, perdão, justificação, reconciliação, salvação, justiça e santidade, para aprender o significado básico de certas palavras cruciais;

5º Estudo de tipos, como o tabernáculo, o altar, a arca, o templo e as ofertas, para ganhar um retrato claro de Cristo, da igreja e das coisas espirituais;

6º Estudo de alegorias, como Sara e Agar (Gl 4:24), o poço de Jacó (Jo 4:12-14) e os rios de água viva (Jo 7:38), para perceber o significado de tais assuntos espirituais;

7° Estudo de parábolas, como as sete parábolas em Mateus 13, a parábola das dez virgens e a parábola dos talentos, para entender as profundezas desses mistérios;

8º Estudo de números, como o número 3, 5, 7, 8 e 12, para entender seu significado na Bíblia;

9º Estudo de profecias, tais como: as profecias a respeito de Israel, a respeito da igreja e a respeito dos gentios, para entender a verdade na Bíblia referente às eras;

10º Estudo da vida de certos personagens bíblicos, como Abraão, Davi, Daniel, Pedro e Paulo, para aprender a partir do exemplo da vida deles registrado nas Escrituras;

11º Estudo da história de Israel e da igreja, para ver como Deus administra em Seu governo;

12º Estudo de salmos e de cânticos para aprender a louvar e a orar;

13º Estudo comparativo de uma porção da Bíblia com outra similar ou não similar;

14º Estudo referindo-se ao texto original hebraico ou grego para obter o significado preciso de determinada palavra ou frase;

15º Estudo usando os escritos de outras pessoas, para receber sua ajuda, inspiração e ponto de vista equilibrado;

16º Estudo para adquirir conhecimento e receber luz da Bíblia. Ele usava um exemplar da Bíblia para fazer anotações e observações com essa finalidade;

17º Estudo para vida, visando receber o pão diário para a vida espiritual. Com tal finalidade, ele usava outra Bíblia, sem nenhuma anotação ou observação, para que pudesse receber nova luz para suprimento espiritual;

18º Estudo feito pela leitura dinâmica, para estar familiarizado com a Bíblia. Em torno dos vinte anos, ele lia o Novo Testamento inteiro cada semana, durante todo o ano, perfazendo 48 leituras aproximadamente por ano;

19º Estudo mediante uma leitura lenta para meditar em certas porções da Palavra;

20º Estudo pela memorização de certos versículos ou passagens cruciais a fim de armazenar a Palavra no coração para as necessidades constantes e momentâneas.


Livros Evangélicos
Livros Cristãos.
LEITURAS DE LIVROS ESPIRITUAIS

Watchman Nee não foi apenas um excelente estudioso da Bíblia, mas também um leitor estudioso de livros espirituais. Ele foi maravilhosamente agraciado com a capacidade de selecionar, compreender, discernir e memorizar material adequado. Ele podia facilmente captar os assuntos de um livro numa olhadela. Lendo publicações cristãs, ele não apenas foi ajudado a receber luz e vida espirituais como também se tornou conhecedor da história da igreja e do cristianismo no mundo ocidental. Por intermédio de Margaret Barber, ele se familiarizou com os livros de D.M. Panton, Robert Govett, G.H. Pember, Jessie Penn-Lewis, T. Austin-Sparks e outros. Ele também colecionou os escritos dos mestres entre os Irmãos Unidos, tais como John Nelson Darby, William Kelly e C.H. Mackintosh. Além desses, ele também reuniu os escritos de muitos outros. No início de seu ministério, ele gastava um terço da sua renda com necessidades pessoais, um terço para ajudar os outros e o terço restante para comprar livros.


Watchman Nee.
(1903-1972)
Mao Tse-tung estudava com entusiasmo Marx, Hegel e Nietzche. No entanto, soberanamente, um jovem chamado Watchman Nee meditava cuidadosamente sobre as vidas de John Bunyan, Andrew Murray e sobre a Bíblia. Duas mentes jovens motivadas com sede de aprendizado, em trajetórias distintas - com o destino da China em jogo.

Dessa maneira, ele reuniu quase todos os escritos clássicos a partir do primeiro século em diante. Ele adquiriu uma coleção de mais de três mil dos melhores livros cristãos, que incluíam livros sobre a história da igreja, biografias e autobiografias de cristãos proeminentes e as mensagens centrais e comentários de escritores espirituais. Aos vinte e três anos, seu quarto estava quase totalmente cheio de livros. Havia livros no chão e uma fileira de livros de cada lado de sua cama, deixando apenas um espaço estreito no meio para deitar-se.

Watchman Nee.
(1903-1972)
"Nunca encontrei um servo do Senhor tão equilibrado como o irmão Watchman Nee. Ele é rico em vida e também rico em conhecimento. Ele conhece e ama o Senhor e também conhece e ama a Bíblia. Ele conhece  a Cristo e também conhece a igreja. Ele é por Cristo e também é pela igreja. Portanto, seu ministério tem sido sempre equilibrado por dois aspectos: o espiritual e o prático. (...). As mensagens sob o ponto de vista espiritual estão principalmente relacionadas com a questão da vida espiritual, enquanto as do ponto de vista prático estão totalmente relacionadas com a prática da vida da igreja, isto é, a maneira de ser praticada a vida da igreja. (...). O irmão Nee, contudo, é adequadamente equilibrado nessas duas questões. Ele não apenas tem o comissionamento da vida espiritual, mas também tem o encargo da prática da vida da igreja. Ele tem uma visão clara de ambos, e ele é fiel ao Senhor pela vida espiritual e também honesto ao Seu povo em relação à prática da vida da igreja. (...). Alguns acham que a cidade como base é algo do ensinamento dos Irmãos Unidos, e que adotamos este tipo de ensinamento deles. Na verdade, os Irmãos Unidos nunca viram a base da cidade e nunca usaram o termo "a base da unidade". (...). A cidade como base não foi descoberta por nós até 1937, e isto por intermédio do irmão Nee. Mesmo em 1934 o irmão Nee só havia descoberto o limite de uma igreja, o qual é o limite da cidade dentro da qual a igreja está situada. (...). Finalmente, ele descobriu que o Novo Testamento revela claramente que o limite de uma igreja é o limite da cidade, na qual está a igreja. Imediatamente após sua nova descoberta, o irmão Nee deu uma série de mensagens sobre este assunto (...). Estou relatando um pouco da história, apenas para deixar claro que a cidade como base é uma nova descoberta, é outro item da restauração do Senhor nos últimos dias, por intermédio do irmão Nee, e não algo da restauração por meio dos Irmãos Unidos. (...)." Witness Lee.

China Comunista.
SEUS ÚLTIMOS ANOS

No verão de 1966, na mesma época em que os Beatles faziam sucesso na Europa com "Sergeant Pepper", o pastor Martin Luther King Jr. marchava pelas ruas de Chicago reivindicando liberdade irrestrita para os negros em todo os Estados Unidos, e no Brasil, ao ritmo da bossa nova, a ditadura militar começava sua perseguição aos intelectuais e artistas engajados; a figura esquálida de um chinês jazia encolhida no chão frio e úmido, de uma cela de apenas 1,35m x 2,85m, infestada de ratos, localizada nos subúrbios de Shanghai. Após quatorze anos de sofrimentos e as mais cruéis tentativas de dissuadi-lo a parar de pregar e ensinar sobre Jesus Cristo, Watchman Nee estava com o corpo todo fraturado, pesava menos de 37 quilos, apesar de seus 1,80m de altura, mas sua alma estava forte, sadia e exultante. Ainda podia balbuciar hinos e trechos bíblicos que proliferavam em sua memória, desde que lhe arrancaram seu querido exemplar da Bíblia, ao chegar à prisão.

"Watchman Nee foi vítima de toda espécie de ardis, traições e calúnias. Entretanto, em seus anos de silêncio e após sua morte, tem levado milhões de pessoas ao conhecimento de Jesus".

No ano de 1972, o irmão Nee entrou no regozijo eterno. Ele deixou um pedaço de papel debaixo do seu travesseiro na prisão com várias linhas de palavras grandes escritas com uma mão trêmula. Ele queria testificar a verdade que ele havia experimentado por toda a sua vida, até mesmo na hora da sua morte. Esta verdade é - "Cristo é o Filho de Deus que morreu pela redenção dos pecadores e ressuscitou depois de três dias. Esta é a maior verdade do universo. Eu morro por causa da minha crença em Cristo - Watchman Nee".


FONTE:

Livro: Watchman Nee - Um homem de Deus.
Autor: Charles W. Hiang.
Editora: Abba Press. (Brasil).
Páginas: 176.

Livro: Biografia de Watchman Nee - O testemunho de um homem que viu a revelação divina nesta era.
Autor: Witness Lee, 1905-1997.
Editora: Árvore da Vida. (Brasil).
Páginas: 350.

Livro: A Ortodoxia da Igreja.
Autor: Watchman Nee.
Editora: Árvore da Vida. (Brasil).
Páginas: 110.

Livro: Não ameis o Mundo.
Autor: Watchman Nee.
Editora: Dos Clássicos. (Brasil).
Páginas: 142.

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Textos diversos.
Postado por Maycon Morgado 

Madame Guyon - (1648-1717)

Madame Guyon - (1648-1717)


BIOGRAFIA CRISTÃ Nº 4: Jeanne Marie Bouvier de La Motte (1648-1717), também conhecida como Madame Guyon, foi uma francesa da classe elitista; Católica-Mística; e defensora do Quietismo. Os seus escritos influenciaram diversos líderes do Protestantismo, solidificaram o Movimento Vida Interior, e contribuíram com o Movimento Restauração do Senhor.
"Eu [Jesus] Sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido Comigo e Eu com ele, esse dá muito fruto porque sem Mim vocês não podem fazer nada." (João 15:5, NTLH, SBB).
"Ora, vocês são o Corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? / Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons. Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente." (1ª Coríntios 12:27-31, NVI, SBI).
"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor." (1ª Coríntios 13:13, VRA, SBB).

Madame Guyon
(1648-1717)
Jeanne Marie Bouvier de La Motte nasceu no dia 18 de Abril de 1648, em Montargis, na Província de Orléanais, na França.

A sua família possuía alguma influência na sociedade francesa e o seu pai, Claude Bouvier, era procurador do tribunal de Montargis.

A saúde da pequena Jeanne era frágil, o que impediu o progresso nos estudos. Desta forma, os seus pais que eram muito religiosos, a conduziram para a vida de devoção através de um convento. Nesse período, a jovem leu muitas obras de alguns professores, freiras, e principalmente, do bispo de Genebra, Francisco de Sales (1567-1622), cujas obras são muito conhecidas pela introdução à Vida Devota.

Em 1664, aos 16 anos, Jeanne casou com o Sr. Jacques Guyon (38 anos), um homem muito rico e influente entre os franceses de Montargis. Depois do casamento, Jeanne Marie Bouvier de La Motte ficou conhecida como Madame Guyon.

A união matrimonial findou após 12 anos com a morte de seu esposo. Nesses anos, Guyon enfrentou muitos sofrimentos decorrentes da morte dos seus entes queridos: Mãe; Pai; Irmã; Filhos; e Esposo; além de enfermidades que acometeram a própria vida. Tais circunstâncias colaboraram para a jovem viúva, de 28 anos, buscasse refúgio na espiritualidade em Cristo.

Madame Guyon foi uma das principais defensoras do Quietismo, levantada por Deus num contexto Católico, em pleno século XVII, quando as nuvens da apostasia ainda eram densas, apesar da fresta de luz da Reforma.
O Quietismo foi um movimento místico dentro da Igreja Católica Romana durante o século XVII que acentuava o acesso intuitivo imediato a Deus pela alma passiva, aberta à influência da luz interior.". Fundamentavam sua crença no texto bíblico de Tiago 1:17 "Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes,em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.
"Esta reação contra a ideia da racionalização dos dogmas teve precursores como Carlos Borromeo (1538-1584), cardeal e arcebispo de Milão, Ignácio de Loyola da Espanha e Francisco de Sales (1567-1622), da França.". A "Introdução à Vida Devota" (1609) de autoria de Francisco de Sales, poderia ser lida hoje com muito proveito pelos protestantes. No século XVII, estes místicos foram sucedidos pelo movimento dos Quietistas.
Perseguida a cada passo de sua carreira, padeceu maus-tratos, aflições, sofreu abusos e foi presa durante anos pelas maiores autoridades da Igreja Romana. Seu único crime foi amar a Deus; sua culpa foi a suprema devoção e afeição a Cristo. Entretanto, Deus a usou de forma especial para abrir caminho para a restauração da vida interior, da comunhão profunda com Ele, através da oração, da consagração plena, da santificação e do operar da cruz. Seus inspirados escritos, especialmente gerados na prisão, influenciaram a muitos ao redor do mundo e a notáveis líderes, tais como o Arcebispo Fenelon, os Quacres, John Wesley, Zinzendorf, Jessie Penn-Lewis, Andrew Murray e Watchman Nee. Eles foram tão marcados por Deus através dela que muitas das verdades comentadas e vividas por eles tiveram origem, de alguma maneira, no que herdaram de Madame Guyon; em nossos dias, estamos apenas começando a tocar no fluir das águas da verdadeira espiritualidade que Deus fez jorrar através dela.
"Madame Guyon (1648-1717) (...) encareceu a contemplação passiva como objetivo da experiência mística do divino. Francis Fenelon (1651-1715), tutor real, defendeu-a dos ataques de Bossuet, e em sua obra, "A Perfeição Cristã", que tem contribuído para a vida devocional de Protestantes e Católicos, fez uma apresentação positiva do Quietismo.".


François Fénelon.
(1651-1715)
François de Salignac de La Mothe-Fénelon, também conhecido como François Fénelon ou arcebispo Fenelon, foi um teólogo Católico Apostólico Romano, poeta e escritor francês, que manifestou ideias liberais sobre a política e a educação. Suas propostas confrontavam nessa época a Igreja Romana e o Estado. Foi membro da Academia Francesa de Letras.
Na história do mundo foram poucas as pessoas que atingiram o alto grau de espiritualidade alcançado por Madame Guyon. Ela nasceu em uma época corrupta, em uma nação marcada pela decadência; cresceu e criou-se em uma igreja tão devassa quanto o mundo em que estava inserida; foi perseguida a cada passo de sua carreira; andando às cegas em meio a uma devastação e ignorância espiritual, não obstante ela atingiu o auge da preeminência em termos de espiritualidade e devoção cristã.

Madame Guyon.
(1648-1717)
"Viveu e morreu dentro da igreja católica; contudo, padeceu tormentos e aflições; foi maltratada, sofreu abusos e foi presa durante anos pelas maiores autoridades daquela igreja [Igreja Católica Romana]."
"Seu único crime foi amar a Deus. Sua suprema devoção e incomensurável ligação com Cristo foram os pretextos usados para justificar as ofensas que sofreu. Exigidos seu dinheiro e seus bens, ela, com alegria, se desfez deles, mesmo sabendo que ficaria pobre, mas de nada adiantou." Continuou sendo perseguida!
"Ela simplesmente gostava de fazer o bem para o próximo, e foi tão cheia do Espírito Santo e do poder de Deus que operou maravilhas em sua época, não deixando de influenciar as gerações seguintes."

Depois que saiu da prisão em Vincennes no ano 1710, viveu mais sete anos, morrendo no dia 09 de Junho de 1717, em Blois, aos 70 anos de idade.


Masmorra.
SUAS PALAVRAS:

"Eu tinha uma satisfação inexprimível e uma alegria no sofrer e no estar na prisão. O confinamento de meu corpo fez-me desfrutar melhor da liberdade de minha mente."
"Nunca tive nenhum ressentimento contra meus perseguidores, embora os conhecesse bem, seu espírito e suas ações. Jesus Cristo e os santos viam seus perseguidores e, ao mesmo tempo, sabiam que não podiam ter poder a não ser que do alto esse poder lhes fosse dado (Jo 19.11)."
"As pedras de minha prisão pareciam, aos meus olhos, semelhantes a rubis; eu as estimava mais do que todo o fulgor ostentoso de um mundo vão. Meu coração estava cheio dessa alegria que Tu concedes àqueles que Te amam, em meio às suas maiores tribulações."
"Em 22 de agosto de 1688 pensou-se que eu estava para sair da prisão, e tudo parecia tender para isso. Porém o Senhor deu-me um sentido de que, longe de estar desejosos de libertar-me, eles só estavam lançando novas armadilhas para arruinar-me com mais eficácia e fazer o padre La Mothe conhecido e estimado pelo rei. No dia mencionado, que era meu aniversário, aos 40 anos de idade, acordei sob uma impressão de Jesus Cristo em agonia, vendo o conselho dos judeus contra Ele. Eu sabia que ninguém, senão Deus, poderia livrar-me da prisão, e eu estava satisfeita por ver que Ele o faria um dia por Sua justa mão, embora não soubesse de que modo."
"Quão estreita é a porta que leva a uma vida em Deus! Quão pequeno é preciso ser para atravessá-la, não sendo outra coisa senão a morte para o 'eu'! Porém quando passamos por ela, que amplitude encontramos!"
"Espero que o que escrevo não seja visto por ninguém que possa ofender-se com isso, ou que não esteja em condição de ver estes assuntos em Deus."
"Nos tempos da lei antiga, houve vários mártires do Senhor que sofreram por afirmar e confiar no verdadeiro Deus. Na igreja primitiva de Cristo, os mártires verteram seu sangue, por manter a verdade de Jesus Cristo crucificado. Agora há mártires do Espírito Santo, que sofrem por sua dependência Dele, por manter Seu reino nas almas e por ser vítimas da vontade divina."
"Tu, ó meu Deus, fizeste comigo como fizeste com Teu servo Jó, devolvendo-me em dobro o que havias tomado e livrando-me de todas as minhas tribulações. Deste-me uma facilidade maravilhosa para satisfazer a todos."
"Deixei-me ser levada para onde quisesse meu Pai celestial, alto ou baixo; tudo era igualmente bom para mim."
"Eu sinceramente omitiria o que estou prestes a escrever se alguma parte disso proviesse de mim, e também pela dificuldade de expressar-me, uma vez que poucas almas são capazes de entender caminhos divinos que são tão pouco conhecidos e tão pouco compreendidos. (...). Eu mesma nunca li nada similar. A expressão nunca se iguala à experiência."
"O diabo não mais exerce seu poder contra sua fé ou crença, mas ataca diretamente o domínio do Espírito Santo, opondo-se ao Seu movimento celestial nas almas e descarregando seu ódio no corpo daqueles cuja mente ele não pode ferir. Ó, Santo Espírito, um Espírito de amor, permite-me estar sempre submissa à Tua vontade, e, como uma folha que se move com o vento, assim permite-me ser movida por Teu divino sopro. Assim como o vento impetuoso rompe tudo o que lhe resiste, rompe Tu a todos os que se opõem ao Teu império."
"Quantas vezes tenho dito, até na amargura de meu coração, que devo ter mais medo de uma repreensão de minha consciência do que do grito e condenação de todos os homens!"
"Enquanto estava presa em Vincennes, (...) passei meu tempo em grande paz, alegre por passar o resto de minha vida ali, se esta fosse a vontade de Deus. Entoava cânticos de alegria, que a serva que me servia aprendeu de memória, tão rápido quanto eu os fazia..."


Witness Lee.
(1905-1997)
"Muitos de nós lemos a biografia de Madame Guyon. Pelo relato de sua vida, vemos que ela era alguém firme na sua consagração, e que progredia continuamente. Consequentemente, podemos distinguir de modo claro os cinco pontos da consagração manifestados nela, quando já era de idade avançada. A base da consagração era firme como uma rocha. Sempre que havia uma questão entre ela e o Senhor, havia uma rocha sob seus pés, sobre a qual ela se apoiava continuamente. Ela dizia ao Senhor: ‘Senhor, Tu me compraste!’. A motivação da consagração era simplesmente como a poderosa força de torrentes de águas; portanto, a consagração continuava doce e absoluta. Na autobiografia, ela sempre mencionava que renovava seus votos matrimoniais com o Senhor. Isso mostra que em seu ser interior, ela era constantemente tocada e constrangida pelo amor do Senhor, pois um voto matrimonial é a expressão mais elevada do amor. Do ponto de vista humano, o caminho que ela percorreu foi de muito sofrimento, mas para ela, sobremodo doce. Por causa do amor do Senhor, seu sofrimento foi transformado em dulçor. O significado da consagração era inclusive mais claro. Embora estivesse, às vezes, em casa servindo o marido e cuidando do filho, era alguém que realmente permanecia nas mãos do Senhor. Estava disposta a abrir mão de tudo e colocar-se inteiramente nas mãos de Deus. Ela Lhe dizia: ‘Ó Deus, se quiseres usar-me, golpear-me, espremer-me ou moldar-me, quero estar à Tua disposição. Não estou em minhas próprias mãos; entreguei-me a Ti’. Esse ponto particular é especialmente claro em Madame Guyon. O propósito da sua consagração não era de modo nenhum confuso. Ela realmente era alguém que pela consagração deixou Deus trabalhar nela, esculpi-la, quebrantá-la e espremê-la. Sua função, portanto, foi expressa de maneira muito plena, brilhando como o sol ao meio-dia. Consideramos que, nos últimos três séculos, ela proporcionou mais vida aos santos [crentes] do que qualquer outra pessoa. Por ter deixado Deus trabalhar nela ao máximo, ela tinha o máximo para ministrar às pessoas. Embora tenha morrido, ainda hoje recebemos ajuda por intermédio de sua experiência. Finalmente, o resultado da sua consagração faz-nos adorar ainda mais a Deus. Ela não teve nenhum sucesso no mundo, nem havia na sua obra espiritual alguma expectativa futura. Ela podia dizer que era simplesmente um monte de cinzas; tudo tinha acabado. Por outro lado, no universo, diante de Deus, está sempre produzindo um aroma agradável para Sua satisfação e alegria do Seu povo. A experiência da consagração realmente alcançou nela a plena maturidade." Witness Lee.

Sua vida e obra são maravilhosos, seu ministério é riquíssimo. Considerando que homens como o Arcebispo Fenelon, John Wesley, Zinzendorf, Jessie Penn-Lewis, Andrew Murray e Watchman Nee leram sua autobiografia, bem como seus escritos, quanto mais nós! Se você prezado leitor considera-se superior aos exemplos citados, tudo bem! Mas, se você é humilde de coração e deseja crescimento em vida espiritual perante Deus, então sugestionamos a leitura de seus livros.


FONTE:

Livro: Autobiografia de Madame Guyon.
Editora: Dos Clássicos. (Brasil).
Páginas: 426.

Livro: Experimentado as Profundezas de Jesus Cristo através da Oração.
Autor: Madame Guyon.
Editora: Dos Clássicos. (Brasil).
Páginas: 142.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Christmas Evans / O "João Bunyan de Gales"

Christmas Evans / O "João Bunyan de Gales"


                                                       (1766-1838)

Seus pais deram-lhe o nome de Christmas porque nas­ceu no dia de "Christmas" (Natal), em 1766. O povo deu-lhe a alcunha de "Pregador Caolho" porque era cego de um olho. Alguém assim se referiu a Christmas Evans: "Era o mais alto dos homens, de maior força física e o mais corpu­lento que jamais vi. Tinha um olho só; se há razão para di­zer que era olho, pois mais propriamente pode-se dizer que era uma estrela luzente, brilhando como Vênus". Foi cha­mado, também, "O João Bunyan de Gales", porque era o pregador que, na história desse país, desfrutava mais do poder do Espírito Santo. Em todo o lugar onde pregava, havia grande número de conversões. Seu dom de pregar era tão extraordinário, que, com toda a facilidade, podia levar um auditório de 15 a 20 mil pessoas, de temperamen­to e sentimentos vários, a ouvi-lo com a mais profunda atenção. Nas igrejas, não cabiam as multidões que iam ouvi-lo durante o dia; à noite, sempre pregava ao ar livre, sob o brilhar das estrelas.Durante a sua mocidade, viveu entregue à devassidão e à embriaguez. Numa luta, foi gravemente esfaqueado; ou­tra vez foi tirado das águas como morto e, ainda doutra vez, caiu de uma árvore sobre uma faca. Nas contendas era sempre o campeão, até que, por fim, numa briga, seus companheiros cegaram-lhe um olho. Deus, contudo, fora misericordioso durante esse período guardando-o com vida para, mais tarde, fazê-lo útil no seu serviço.

Com a idade de 17 anos, foi salvo: aprendeu a ler e, não muito depois, foi chamado a pregar e separado para o mi­nistério. Seus sermões eram secos e sem fruto até que, um dia, em viagem para Maentworg, segurou seu cavalo e en­trou na mata onde derramou a sua alma em oração a Deus. Como Jacó em Peniel, de lá não saiu antes de receber a bênção divina. Depois daquele dia reconheceu a grande responsabilidade de sua obra; regozijava-se sempre no espírito de oração e surpreendeu-se grandemente com os frutos gloriosos que Deus começou a conceder-lhe. Antes destas coisas, possuía dons e corpo de gigante; porém, de­pois, foi-lhe acrescentado o espírito de gigante. Era corajo­so como um leão e humilde como um cordeiro; não vivia para si, mas para Cristo. Além de ter, por natureza, uma mente ativa e uma maneira tocante de falar, tinha um co­ração que transbordava de amor para com Deus e o próxi­mo. Verdadeiramente era uma luz que ardia e brilhava.

No Sul de Gales andava a pé, pregando, às vezes, cinco sermões num só dia. Apesar de não andar bem vestido e de possuir maneiras desastrosas, afluíam grandes multidões para ouvi-lo. Vivificado com o fogo celestial, subia em espírito como se tivesse asas de anjo e quase sempre levava o auditório consigo. Muitas vezes os ouvintes rompiam em choro e outras manifestações, coisas que não podiam evi­tar. Por isso eram conhecidos por "Saltadores Galeses".

Era convicção de Evans que seria melhor evitar os dois extremos: o excesso de ardor e a frieza demasiada. Porém Deus é um ser soberano, operando de várias maneiras. A alguns Ele atrai pelo amor, enquanto a outros Ele espanta com os trovões do Sinai, para acharem preciosa paz em Cristo. Os vacilantes, às vezes, são por Deus sacudidos sobre o abismo da angústia eterna, até clamarem pedindo misericórdia e acharem gozo indizível. O cálice desses transborda até que alguns, não compreendendo, pergunta­ram: - "Por que tanto excesso?"

Acerca da censura que faziam dos cultos, Evans escre­veu: "Admiro-me de que o gênio mau, chamando-se 'o anjo da ordem , queira experimentar tornar tudo, na ado­ração a Deus, em coisa tão seca como o monte Gilboa. Es­ses homens da ordem desejam que o orvalho caia e o sol brilhe sobre todas as suas flores, em todos os lugares, me­nos nos cultos ao Deus todo-poderoso. Nos teatros, nos ba­res e nas reuniões políticas, os homens comovem-se, entu­siasmam-se e são tocados de fogo como qualquer 'Saltador Galês'. Mas, segundo eles desejam, não deve haver coisa alguma que dê vida e entusiasmo à religião! Irmãos, medi­tai nisto! - Tendes razão, ou estais errados?"

Conta-se que, em certo lugar, havia três pregadores para falar, sendo Evans o último. Era um dia de muito ca­lor; os primeiros dois sermões foram muito longos, de for­ma que todos os ouvintes ficaram indiferentes e quase exaustos. Porém, depois de Evans haver pregado cerca de quinze minutos, sobre a misericórdia de Deus, tal qual se vê na parábola do Filho Pródigo, centenas dos que estavam sentados na relva, repentinamente, ficaram em pé. Alguns choravam e outros oravam sob grande angústia. Foi im­possível continuar o sermão: o povo continuou a chorar e orar durante o dia inteiro e de noite até amanhecer.

Na ilha de Anglesey, porém, Evans teve de enfrentar certa doutrina chefiada por um orador eloqüente e instruí­do. Na luta contra o erro dessa seita, começou a esfriar es­piritualmente. Depois de alguns anos, não mais possuía o espírito de oração nem o gozo da vida cristã. Mas ele mes­mo descreveu como buscou e recebeu de novo a unção do poder divino que fez a sua alma abrasar-se ainda mais do que antes:

"Não podia continuar com o meu coração frio para com Cristo, sua expiação e a obra de seu Espírito. Não suporta­va o coração frio no púlpito, na oração particular e no estu­do, especialmente quando me lembrava de que durante quinze anos o meu coração se abrasava como se eu andasse com Jesus no caminho de Emaús. Chegou o dia, por fim,que nunca mais esquecerei. Na estrada de Dolgelly, senti-me obrigado a orar, apesar de ter o coração endurecido e o espírito carnal. Depois de começar a suplicar, senti como que pesados grilhões me caíssem e como que montanhas de gelo se derretessem dentro de mim. Com esta manifesta­ção, aumentou em mim a certeza de haver recebido a pro­messa do Espírito Santo. Parecia-me que meu espírito in­teiro fora solto de uma prisão prolongada, ou como se esti­vesse saindo do túmulo num inverno muitíssimo frio. Cor­reram-me abundantemente as lágrimas e fui constrangido a clamar e pedir a Deus o gozo da sua salvação, e que Ele visitasse, de novo, as igrejas de Anglesey que estavam sob meus cuidados. Tudo entreguei nas mãos de Cristo... No primeiro culto depois, senti-me como que removido da re­gião estéril e frígida de gelo espiritual, para as terras agra­dáveis das promessas de Deus. Comecei, então, de novo os primeiros combates em oração, sentindo um forte anelo pela conversão de pecadores, tal como tinha sentido em Leyn. Apoderei-me da promessa de Deus. O resultado foi, que vi, ao voltar a casa, o Espírito operar nos irmãos de Anglesey, dando-lhes o espírito de oração com importuna­ção."

Passou então o grande avivamento do pregador ao povo em todos os lugares da ilha de Anglesey e em todo o Gales. A convicção de pecado, como grandes enchentes passava sobre os auditórios. O poder do Espírito Santo operava até o povo chorar e dançar de alegria. Um dos que assistiram ao seu famoso sermão sobre o Endemoninhado Gadareno, conta como Evans retratou tão fielmente a cena do livra­mento do pobre endemoninhado, a admiração do povo ao vê-lo liberto, o gozo da esposa e dos filhos quando voltou a casa, curado, que o auditório rompeu em grande riso e cho­ro. Alguém assim se expressou: "O lugar tornou-se em um verdadeiro 'Boquim' de choro" (Juizes 2.1-5). Outro ainda disse que o povo do auditório ficou como os habitantes duma cidade abalada por um terremoto, correndo para fo­ra, prostrando-se em terra e clamando a Deus.

Não semeava pouco, portanto colhia abundantemente; ao ver a abundância da colheita, sentia seu zelo arder de novo, seu amor aumentar e era levado a trabalhar ainda mais. A sua firme convicção era de que nem a melhor pes­soa pode salvar-se sem a operação do Espírito Santo e nem o coração mais rebelde pode resistir ao poder do mesmo Espírito. Evans sempre tinha um alvo quando lutava em oração: firmava-se nas promessas de Deus, suplicando com tanta importunação como quem não podia desistir antes de receber. Dizia que a parte mais gloriosa do minis­tério do pregador era o fato de agradecer a Deus pela ope­ração do Espírito Santo na conversão dos pecadores.

Como vigia fiel, não podia pensar em dormir enquanto a cidade se incendiava. Humilhava-se perante Deus, ago­nizando pela salvação de pecadores, e de boa vontade gas­tou suas forças físicas, ou mentais, pregou o último ser­mão, sob o poder de Deus, como de costume. Ao findar dis­se: "Este é meu último sermão". Os irmãos entenderam que se referira ao último sermão naquele lugar. Caiu doen­te, porém, na mesma noite. Na hora da sua morte, três dias depois, dirigiu-se ao pastor, seu hospedeiro, com estas palavras: "O meu gozo e consolação é que, depois de me ocupar na obra do santuário durante cinqüenta e três anos, nunca me faltou sangue na bacia'. Prega Cristo ao povo". Então, depois de cantar um hino, disse: "Adeus! Adeus!" e faleceu.

A morte de Christmas Evans foi um dos eventos mais solenes em toda a história do principado de Gales. Houve choro e pranto no país inteiro.

O fogo do Espírito Santo fez os sermões deste servo de Deus abrasar de tal forma os corações, que o povo da sua geração não podia ouvir pronunciar o nome de Christmas Evans sem ter uma lembrança vivida do Filho de Maria na manjedoura de Belém; do seu batismo no Jordão; do jar­dim do Getsêmani; do tribunal de Pilatos; da coroa de es­pinhos; do monte Calvário; do Filho de Deus imolado no altar, e do fogo santo que consumia todos os holocaustos, desde os dias de Abel até o dia memorável em que esse fogo foi apagado pelo sangue do Cordeiro de Deus.

(extraido do livro hérois da fé)

Henrique Martyn / Luz inteiramente gasta por Deus

Henrique Martyn / Luz inteiramente gasta por Deus



                                                     (1781-1812)

Ajoelhado na praia da Índia, Henrique Martyn derra­mava a alma perante o Mestre e orava: "Amado Senhor, eu também andava no país longínquo; minha vida ardia no pecado... desejaste que eu me tornasse, não mais um tição para espalhar a destruição, mas uma tocha brilhando por ti (Zacarias 3.2). Eis-me aqui nas trevas mais densas, sel­vagens e opressivas do paganismo. Agora, Senhor, quero arder até me consumir inteiramente por ti!"

O intenso ardor daquele dia sempre motivou a vida desse moço. Diz-se que o seu é "o nome mais heróico, que adorna a história da Igreja da Inglaterra, desde os tempos da rainha Elisabete." Contudo, até entre seus patrícios, ele não é bem conhecido.

Seu pai era de físico franzino. Depois de o seu progenitor falecer, os quatro filhos, inclusive Henrique, não tarda­ram a contrair a mesma enfermidade, a tuberculose.

Com a morte do pai, Henrique perdeu seu intenso inte­resse pela matemática e se interessou grandemente na leitura da Bíblia. Diplomou-se com mais honras do que todos da sua classe. O Espírito Santo, porém, falou à sua alma: "Buscas grandes coisas para ti. Não as busques!" Acerca dos seus estudos testificou: "Alcancei o ponto mais alto que desejara, mas fiquei desapontado ao ver como, apenas, tinha agarrado uma sombra."

Tinha por costume levantar-se cedo, de madrugada, e andar sozinho, pelos campos para desfrutar de comunhão íntima com Deus. O resultado foi que abandonou para sempre o plano de ser advogado, um plano que, até aí, ain­da seguia, porque "não podia consentir em ser pobre pelo amor de Cristo."

Ao ouvir um sermão sobre "O Estado Perdido dos Pa­gãos" resolveu dar a sua vida como missionário. Ao conhe­cer a vida abnegada do missionário Guilherme Carey, na sua grande obra na Índia, sentiu-se dirigido a trabalhar no mesmo país.

O desejo de levar a mensagem de salvação aos povos que não conheciam a Cristo, tornou-se como um fogo inextinguível na sua alma pela leitura da biografia de David Brainerd, o qual morrera quando ainda muito jovem, com a idade de vinte e nove anos (sua vida fora gasta inteira­mente no serviço de amor intenso aos silvícolas da América do Norte). Henrique Martyn reconhecia que, como foram poucos os anos da obra de David Brainerd, havia também para ele pouco tempo, e se acendeu nele a mesma paixão de gastar-se, inteiramente por Cristo, no breve espaço de tempo que lhe restava. Seus sermões não consistiam em palavras de sabedoria humana, mas sempre se dirigia ao povo como "um moribundo, pregando aos moribundos".

Havia um grande embaraço para Henrique Martyn: a mãe da sua noiva, Lídia Grenfel, não consentiria que eles se casassem, se ele insistisse em levá-la para o estrangeiro. Henrique amava a Lídia e o seu maior desejo terrestre era estabelecer um lar e trabalhar junto com ela na seara do Senhor. Acerca disto, ele escreveu no seu diário: "Conti­nuei uma hora e mais em oração, lutando contra o que me ligava... Cada vez que estava perto de ganhar a vitória, o coração voltava para o seu ídolo, e finalmente, deitei-me sentindo grande mágoa."Então se lembrou de David Brainerd, o qual negava a si mesmo todos os confortos da civilização, andava grandes distâncias sozinho na floresta, passava dias com fome e de­pois de assim se esforçar por cinco anos, voltou para falecer tuberculoso nos braços da sua noiva, Jerusa, filha de Jôna­tas Edwards.

Por fim, Henrique Martyn, também, ganhou a vitória, obedecendo à chamada para sacrificar-se à salvação dos perdidos. Ao embarcar para a Índia, em 1805, escreveu: "Se eu viver ou morrer, que Cristo seja magnificado pela colheita de multidões para Ele".

A bordo do navio, ao afastar-se da sua pátria, Henrique Martyn chorou como uma criança. Contudo nada podia desviá-lo da sua firme resolução de seguir a direção divina. Ele era "um tição arrebatado do fogo" e repentinamente dizia: "Que eu seja uma chama de fogo no serviço divino".

Depois de nove longos meses a bordo, e quando já se achava perto do seu destino, passou um dia inteiro em je­jum e oração. Sentia quão grande era o sacrifício da Cruz e como era, igualmente, grande a sua responsabilidade para com os perdidos na idolatria da Índia. Continuava a repe­tir: "Tenho posto vigias sobre os teus muros, ó Jerusalém; eles não se calarão jamais em todo o dia nem em toda a noite: não descanseis vós os que fazeis lembrar a Jeová, e não lhe deis a Ele descanso, até que estabeleça, e até que ponha a Jerusalém por objeto de louvor na terra!" (Isaías 62.6).

A chegada de Henrique Martyn à Índia, no mês de abril de 1806, foi também em resposta à oração de outros. A ne­cessidade era tão grande nesse país, que os poucos obreiros concordaram em se reunirem em Calcutá, de oito em oito dias, para pedirem a Deus que enviasse um homem cheio do Espírito Santo e poder à Índia. Martyn, logo ao desem­barcar, foi recebido alegremente por eles como a resposta às suas orações.

É difícil imaginar o horror das trevas em que vivia esse povo, entre o qual Martyn se achava. Um dia, perto do lu­gar onde se hospedara, ouviu uma música e viu a fumaça de uma das piras fúnebres de que ouvira falar antes de sair da Inglaterra. As chamas já começavam a subir do lugar onde uma viúva se achava sentada ao lado do cadáver de seu marido morto. Martyn, indignado, esforçou-se, mas não pôde conseguir salvar a pobre vítima.

Em outra ocasião, foi atraído pelo ruído do címbalo, a um lugar onde o povo fazia culto aos demônios. Os adora­dores se prostravam perante o ídolo, obra das suas próprias mãos, do qual adoravam e temiam! Martyn sentia-se "mesmo na vizinhança do Inferno".

Cercado de tais cenas, ele se aplicava mais e mais e sem cansar, dia após dia, a aprender a língua. Não desanimava com a falta de fruto da sua pregação, reconhecendo ser de maior importância traduzir as Escrituras e colocá-las nas mãos do povo. Com esse alvo, perseverava no trabalho de tradução, cuidadosamente, aperfeiçoando a obra, pouco a pouco, e parando de vez em quando para pedir o auxílio de Deus.

Como a sua alma ardia no firme propósito de dar a Bíblia ao povo, vê-se no seguinte trecho de um dos seus sermões conservado no Museu Britânico:

"Pensai na situação triste do moribundo, que apenas conhece bastante da eternidade para temer a morte, mas não conhece bastante do Salvador para olhar o futuro com esperança. Não pode pedir uma Bíblia para saber algo sobre o que se firmar nem pode pedir a esposa ou ao filho que lhe leiam um capítulo para o confortar. A Bíblia, ah! é um tesouro que eles nunca possuíram! Vós que tendes um coração para sentir a miséria do próximo, vós que sabeis como a agonia de espírito é mais que qualquer sofrimento do corpo, vós que sabeis que vem o dia em que tendes de morrer, oh! dai-lhes aquilo que lhes será um conforto na hora da morte!"

Para alcançar esse alvo, de dar as Escrituras aos povos da Índia e da Pérsia, Martyn aplicou-se à obra de tradução de dia e de noite, até mesmo quando descansava e quando em viagem. Não diminuía a sua marcha quando o termô­metro registrava o intenso calor de 70" nem quando sofria da febre intermitente, nem com o avanço da peste branca que ardia no seu peito.

Como David Brainerd, cuja biografia sempre serviu para inspirá-lo, Henrique Martyn passou dias inteiros em intercessão e comunhão com o seu "Amado", seu querido Jesus. - "Parece", escreveu ele, "que posso orar para sem­pre sem nunca cansar. Quão doce é andar com Jesus e morrer por Ele..." Para ele, a oração não era uma formali­dade, mas o meio certo de quebrantar os endurecidos e vencer os adversários.

Seis anos e meio depois de ter desembarcado na Índia, enquanto empreendia longa viagem, faleceu com a idade de 31 anos. Separado dos irmãos, do resto da família, com a noiva esperando-o na Inglaterra, e cercado de persegui­dores, foi enterrado em lugar desconhecido.

Era grande o ânimo, a perseverança, o amor, a dedica­ção com que trabalhava na seara do seu Senhor! O zelo ar­deu até ele se consumir neste curto espaço de seis anos e meio. É-nos impossível apreciar quão grande foi a sua obra feita em tão poucos anos. Além de pregar, conseguiu tra­duzir porções das Sagradas Escrituras para as línguas de uma quarta parte de todos os habitantes do mundo. O Novo Testamento em hindu, hindustão e persa e os Evan­gelhos em judaico-persa são apenas uma parte das suas obras.

Quatro anos depois da sua morte, nasceu Fidélia Fiske, no sossego da Nova Inglaterra. Quando ainda aluna na es­cola, leu a biografia de Henrique Martyn. Andou quarenta e cinco quilômetros de noite, sob violenta tempestade de neve, para pedir à sua mãe que a deixasse ir pregar o Evan­gelho às mulheres da Pérsia. Ao chegar à Pérsia reuniu muitas mulheres e lhes contou o amor de Jesus, até que o avivamento em Oroomiah se tornou em outro Pentecoste.

Se Henrique Martyn, que entregou tudo para o serviço do Rei dos reis, pudesse visitar a Índia, e a Pérsia, hoje, quão grande seria a obra que encontraria, obra feita por tão grande número de fiéis filhos de Deus nos quais ardeu o mesmo fogo pela leitura da biografia desse pioneiro.

(extraido do livro hérois da fé)

Adoniram Judson / Missionário, pioneiro à Birmânia

Adoniram Judson / Missionário, pioneiro à Birmânia



(1788-1850)


O missionário, magro e enfraquecido pelos sofrimentos e privações, foi conduzido entre os mais endurecidos crimi­nosos, com gado, a chicotadas e sobre a areia ardente, para a prisão. Sua esposa conseguiu entregar-lhe um travesseiro para que pudesse dormir melhor no duro solo da prisão. Porém ele descansava ainda melhor porque sabia que den­tro do travesseiro, que tinha abaixo da cabeça, estava es­condida a preciosa porção da Bíblia que traduzira com grandes esforços para a língua do povo que o perseguia.

Aconteceu que o carcereiro requisitou o travesseiro para o seu próprio uso! Que podia fazer o pobre missioná­rio para readquirir seu tesouro? A esposa então preparou, com grandes sacrifícios, um travesseiro melhor e conseguiu trocá-lo com o do carcereiro. Dessa forma a tradução da Bíblia foi conservada na prisão por quase dois anos; a Bíblia inteira, depois de completada por ele, foi dada, pela primeira vez, aos milhões de habitantes da Birmânia.Em toda a história, desde o tempo dos apóstolos, são poucos os nomes que nos inspiram tanto a esforçarmo-nos pela obra missionária como os nomes desse casal, Ana e Adoniram Judson. Em certa igreja em Malden, subúrbio de Boston, encontra-se uma placa de mármore com a se­guinte inscrição:


Memorial

Rev. Adoniram Judson

Nasceu: 9 - agosto - 1788

Morreu: 12 - abril - 1850

Lugar de seu nascimento: Malden

Lugar de seu sepultamento: o mar


Seu monumento: OS SALVOS DA BIRMÂNIA E A

BÍBLIA BIRMANESA

Seu histórico: nas alturas

Adoniram fora uma criança precoce; sua mãe ensinou-o a ler um capítulo inteiro da Bíblia, antes de ele completar quatro anos de idade.

Seu pai inculcou-lhe o desejo ardente de, em tudo quanto fazia, aproximar-se sempre da perfeição, sobrepon­do-se a qualquer de seus companheiros. Esta foi a norma de toda a sua vida.

O tempo que passou nos estudos foram os anos em que o ateísmo, que teve sua origem na França, se infiltrou no país. O gozo de seus pais, ao saberem que o filho ganhara o primeiro lugar na sua classe, transformou-se em tristeza, quando ele os informou de que não mais acreditava na existência de Deus. O recém-diplomado sabia enfrentar os argumentos de seu pai, que era pastor instruído, e jamais sofrera de tais dúvidas. Contudo as lágrimas e admoestações de sua mãe, depois de o moço sair da casa paterna, es­tavam sempre perante ele.

Não muito depois de "ganhar o mundo", na casa dum tio, encontrou-se com um jovem pregador. Este conversou com ele tão seriamente acerca da sua alma, que Judson fi­cou muito impressionado. Passou o dia seguinte sozinho, em viagem a cavalo. Ao anoitecer, chegou a uma vila onde passou a noite numa pensão. No quarto contíguo ao que ele ocupou, estava um moço moribundo, e Judson não conse­guiu reconciliar o sono durante a noite. - O moribundo seria crente? Estaria preparado para morrer? Talvez fosse "livre pensador", filho de pais piedosos que oravam por ele! O que também o perturbava era a lembrança dos seus companheiros, os alunos agnósticos do colégio de Providence. Como se envergonharia, se os antigos colegas, espe­cialmente o sagaz compadre Ernesto, soubessem o que agora sentia em seu coração!

Ao amanhecer o dia, disseram-lhe que o moço morrera. Em resposta à sua pergunta, foi informado de que o faleci­do era um dos melhores alunos do colégio de Providence, cujo nome era Ernesto!

Judson, ao saber da morte de seu companheiro ateu, fi­cou estupefato. Sem saber como, estava em viagem de vol­ta a casa. Desde então desapareceram todas as suas dúvi­das acerca de Deus e da Bíblia. Soavam-lhe constante­mente aos ouvidos as palavras: "Morto! Perdido! Perdi­do!"

Não muito depois deste acontecimento, dedicou-se so­lenemente a Deus e começou a pregar. Que a sua consagra­ção era profunda e completa ficou provado pela maneira como se aplicou à obra de Deus.

Nesse tempo, Judson escreveu à noiva: "Em tudo que faço, pergunto a mim mesmo: Isto agradará ao Senhor?... Hoje alcancei maior grau do gozo de Deus, tenho sentido grande alegria perante o seu trono".

É assim que Judson nos conta a sua chamada para o serviço missionário: "Foi quando andava num lugar solitá­rio, na floresta, meditando e orando sobre o assunto e qua­se resolvido a abandonar a idéia, que me foi dada a ordem: 'Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatu­ra'. Este assunto foi-me apresentado tão claramente e com tanta força, que resolvi obedecer, apesar dos obstáculos que se apresentaram diante de mim".

Judson, com quatro dos seus colegas, reuniram-se junto a um montão de feno, para orarem e ali solenemente dedi­carem, perante Deus, suas vidas para levar o Evangelho "aos confins da terra". Não havia qualquer junta de mis­sões para os enviar. Contudo, Deus honrou a dedicação dos moços, tocando nos corações dos crentes, para suprirem o dinheiro.Judson foi chamado, então, a ocupar um lugar no corpo docente na universidade de Brown, mas recusou o convite. Depois foi chamado a pastorear uma das maiores igrejas da América do Norte. Este convite, também, foi rejeitado. Foi grande o desapontamento de seu paí e o choro de sua mãe e irmã ao saberem que Judson se oferecera para a obra de Deus no estrangeiro, onde nunca fora proclamado o Evangelho.

A esposa de Judson mostrou ainda mais heroísmo por­que era a primeira mulher que sairia dos Estados Unidos, como missionária. Com a idade de dezesseis anos, teve a sua primeira experiência religiosa. Vivia tão entregue à vaidade que seus conhecidos receavam o castigo repentino de Deus sobre ela. Então, em certo domingo, enquanto se preparava para o culto, ficou profundamente comovida pe­las palavras: "Aquela que vive nos prazeres, apesar de vi­ver, está morta". Acerca da sua vida transformada, escre­veu-lhe ela mais tarde: "Eu desfrutava dia após dia, a doce comunhão com o bendito Deus; no coração sentia o amor que me ligava aos crentes de todas as denominações; achei as sagradas Escrituras doces ao paladar, senti tão grande sede de conhecer as coisas religiosas que, freqüentemente, passava quase noites inteiras lendo". Todo o ardor que mostrara na vida mundana agora o sentia na obra de Cris­to. Por alguns anos, antes de aceitar a chamada missioná­ria, era professora e se esforçava em ganhar os alunos para Cristo.

Adoniram, depois de despedir-se de seus pais para ini­ciar sua viagem à Índia, foi acompanhado até Boston por seu irmão, Elnatã, moço ainda não-salvo. No caminho, os dois apearam dos seus cavalos, entraram na floresta e lá, de joelhos, Adoniram rogou a Deus que salvasse seu irmão. Quatro dias depois, os dois se separaram para não se verem mais neste mundo. Alguns anos depois, porém, Adoniram teve notícias de que seu irmão recebera também a herança no reino de Deus.

Judson e sua esposa embarcaram para a Índia em 1812, passando quatro meses a bordo do navio. Aproveitando essa oportunidade para estudar, os dois chegaram a com­preender que o batismo bíblico é por imersão, e não por aspersão, como a sua denominação o praticava. Não conside­rando a oposição de seus muitos conhecidos, nem o seu sustento, não vacilaram em informar isso àqueles que os ti­nham enviado. Foram batizados por imersão no porto de desembarque, Calcutá.

Expulsos logo dessa cidade, por causa da situação polí­tica, fugiram de país em país. Por fim, dezessete longos meses depois de partirem da América, chegaram a Ran­gum, na Birmânia. Judson estava quase exausto por causa­dos horrores que sofrera a bordo; sua esposa, estava tão perto da morte que não mais podia caminhar, sendo leva­da para terra em uma padiola.

O império da Birmânia de então era mais bárbaro, e de língua e costumes mais estranhos do que qualquer outro país que os Judson tinham visto. Ao desembarcarem os dois, em resposta às orações feitas durante as longas vigí­lias da noite, foram sustentados por uma fé invencível e pelo amor divino que os levava a sacrificar tudo, para que a gloriosa luz do Evangelho raiasse também nas almas dos habitantes desse país.

Agora, um século depois, podemos ver como o Mestre dirigia seus servos, fechando as portas, durante a prolon­gada viagem, para que não fossem aos lugares que espera­vam e desejavam ir. Hoje pode-se ver claramente que Ran­gum, o porto principal da Birmânia, era justamente o pon­to mais estratégico para iniciar a ofensiva da Igreja de Cristo contra o paganismo no continente asiático.

No difícil estudo do idioma birmanês foi necessário fa­zer o seu próprio dicionário e gramática. Passaram-se cin­co anos e meio antes de fazerem o primeiro culto para o po­vo. No mesmo ano batizaram o primeiro convertido apesar de cientes da ordem do rei de que ninguém podia mudar de crença sem ser condenado à morte.

Ao sair da sua terra para ser missionário, Judson levava uma soma considerável de dinheiro. Essa quantia ele a ga­nhara de seu emprego e parte recebeu-a de ofertas de pa­rentes e amigos. Não só colocou tudo isto aos pés daqueles que dirigiam a obra missionária mas, também, a elevada quantia de cinco mil e duzentos rúpias que o Governador Geral da Índia lhe pagara por seus serviços prestados por ocasião do armistício de Yandabo.

Recusou o emprego de intérprete do governo, com salá­rio elevado, escolhendo antes sofrer as maiores privações e o opróbrio, para ganhar as almas dos pobres birmaneses para Cristo.

Durante onze meses, esteve preso em Ava. (Ava era na­quele tempo a capital da Birmânia.) Passou alguns dias, com mais sessenta outros sentenciados à morte, encerrado em um edifício sem janelas, escuro e quente, abafado e imundo em extremo. Passava o dia com os pés e mãos no tronco. Para passar a noite, o carcereiro enfiava-lhe um bambu entre os pés acorrentados, juntando-o com outros prisioneiros e, por meio de cordas, arribava-os para apenas os ombros descansarem no chão. Além desse sofrimento, tinha de ouvir constantemente gemidos misturados com o falar torpe dos mais endurecidos criminosos da Birmânia. Vendo os outros prisioneiros arrastados para fora para morrer às mãos do carrasco, Judson podia dizer: "Cada dia morro". As cinco cadeias de ferro pesavam tanto, que le­vou as marcas das algemas no corpo até a morte. Certa­mente ele não teria resistido, se a sua fiel esposa não tives­se conseguido permissão do carcereiro para, no escuro da noite, levar-lhe comida e consolá-lo com palavras de espe­rança.

Um dia porém, ela não apareceu; essa ausência durou vinte longos dias. Ao reaparecer, trazia nos braços uma criancinha recém-nascida.

Judson, uma vez liberto da prisão, apressou-se o mais possível a chegar a casa, mas tinha as pernas estropiadas pelo longo tempo que passara no cárcere. Fazia muitos dias que não recebia notícias de sua querida Ana! - Ela ainda vivia? Por fim, encontrou-a, ainda viva, mas com febre, e próximo de morte.

Dessa vez ela ainda se levantou, mas antes de comple­tar 14 anos na Birmânia, faleceu. Comove a alma ao ler a dedicação de Ana Judson ao marido, e a parte que desem­penhou na obra de Deus, e em casa até o dia da sua morte.

Alguns meses depois da morte da esposa de Judson, a sua filha também morreu. Durante os seis longos anos que se seguiram, ele trabalhou sozinho, casando-se, então, com a viúva de outro missionário. A nova esposa, gozando os frutos dos esforços incessantes na Birmânia, mostrou-se tão dedicada ao marido como a primeira.

Judson perseverou durante vinte anos para completar a maior contribuição que se podia fazer à Birmânia, a tradu­ção da Bíblia inteira na própria língua do povo.

Depois de trabalhar constantemente no campo estran­geiro durante trinta e dois anos, para salvar a vida da espo­sa, embarcou com ela e três dos filhos, de volta à América, sua terra natal. Porém, em vez de ela melhorar da doença que sofria, como se esperava, morreu durante a viagem, sendo enterrada em Santa Helena, onde o navio aportou.

- Quem poderá descrever o que Judson sentiu ao de­sembarcar nos Estados Unidos, quarenta e cinco dias de­pois da morte da sua querida esposa?! Ele, que estivera au­sente durante tantos anos da sua terra, sentia-se agora per­turbado acerca da hospedagem nas cidades de seu país. Surpreendeu-se, depois de desembarcar, ao verificar que todas as casas se abriam para recebê-lo. Seu nome tornara-se conhecido de todos. Grandes multidões afluíam para ouvi-lo pregar. Porém, depois de passar trinta e dois anos ausente na Birmânia, naturalmente, sentia-se como se es­tivesse entre estrangeiros, e não queria levantar-se diante do público para falar na língua materna. Também sofria dos pulmões e era necessário que outrem repetisse para o povo o que ele apenas podia dizer balbuciando.

Conta-se que, certo dia, num trem, entrou um vende­dor de jornais. Judson aceitou um e, distraído, começou a lê-lo; o passageiro ao lado chamou-o a atenção, dizendo que o rapaz ainda esperava o níquel pelo jornal. Olhando para o vendedor, pediu desculpas, pois pensara que ofere­cessem o jornal de graça, visto que ele estava acostumado a distribuir muita literatura na Birmânia sem cobrar um centavo, durante muitos anos.

Passara apenas oito meses entre seus patrícios, quando se casou de novo e embarcou pela segunda vez para a Bir­mânia. Continuou a sua obra naquele país, sem cansar, até alcançar a idade de sessenta e um anos. Judson foi, então, chamado a estar com o seu Mestre enquanto viajava longe da família. Conforme o seu desejo, foi sepultado em alto mar.

Adoniram Judson costumava passar muito tempo orando de madrugada e de noite. Diz-se que gozava da mais íntima comunhão com Deus enquanto caminhava apressadamente. Os filhos, ao ouvirem seus passos firmes e resolutos dentro do quarto, sabiam que seu pai estava le­vando suas orações ao trono da graça. Seu conselho era: "Planeja os teus negócios se for possível, para passares duas a três horas, todos os dias, não só em adoração a Deus, mas orando em secreto".

Sua esposa conta que, durante a sua última doença, antes de falecer, ela leu para ele a notícia de certo jornal, acerca da conversão de alguns judeus na Palestina, justa­mente onde Judson queria trabalhar antes de ir à Birmâ­nia. Esses judeus, depois de lerem a história dos sofrimen­tos de Judson na prisão de Ava, foram inspirados a pedir, também, um missionário e assim iniciou-se uma grande obra entre eles.

Ao ouvir isto, os olhos de Judson se encheram de lágri­mas, tendo o semblante solene e a glória dos céus estampa­da no rosto, tomou a mão de sua esposa dizendo: "Queri­da, isto me espanta. Não compreendo. Refiro-me à notícia que leste. Nunca orei sinceramente por uma coisa sem a receber; recebi-a apesar de demorada, de alguma maneira, e talvez numa forma que não esperava, mas a recebi. Con­tudo, sobre este assunto eu tinha tão pouca fé! Que Deus me perdoe e, enquanto na sua graça quiser me usar como seu instrumento, limpe toda a incredulidade de meu cora­ção".

Nesta história, nota-se outro fato glorioso: Deus não só concede frutos pelos esforços dos seus servos, mas, tam­bém, pelos seus sofrimentos. Por muitos anos, até pouco antes da sua morte, Judson considerava os longos meses de horrores da prisão em Ava, como inteiramente perdidos à obra missionária.

No começo do trabalho na Birmânia, Judson concebeu a idéia de evangelizar, por fim, todo o país. A sua maior es­perança era ver durante a sua vida, uma igreja de cem birmaneses salvos e a Bíblia impressa na língua desse país.No ano da sua morte, porém, havia sessenta e três igrejas e mais de sete mil batizados, sendo os trabalhos dirigidos por cento e sessenta e três missionários, pastores e auxilia­res. As horas que passou diariamente suplicando ao Deus que dá mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, não foram perdidas.

Durante os últimos dias da sua vida fazia menção, mui­tas vezes, do amor de Cristo. Com os olhos iluminados e as lágrimas correndo-lhe pelas faces, exclamava: "Oh! o amor de Cristo! O maravilhoso amor de Cristo, a bendita obra do amor de Cristo!" Certa ocasião ele disse: "Tive tais visões do amor condescendente de Cristo e da glória do Céu, que, creio, quase nunca são concedidas aos homens. Oh! o amor de Cristo! É o mistério da inspiração da vida e a fonte da felicidade nos céus. Oh! o amor de Jesus! Não o podemos compreender agora, mas quão grande será em toda a eternidade!

Acrescentamos o último parágrafo da biografia de Ado­niram Judson escrita por um dos seus filhos. Quem pode lê-lo sem sentir o Espírito Santo o animar a tomar parte ativa e definida em levar o Evangelho a um dos muitos lu­gares sem o Evangelho?

Até aquele dia, quando todo o joelho se dobrará perante o Senhor Jesus, os corações crentes serão movidos aos maiores esforços, pela lembrança de Ana Judson, enterra­da debaixo do hopiá (uma árvore) na Birmânia; de Sara Judson, cujo corpo descansa na ilha pedregosa de Santa Helena e de Adoniram Judson, sepultado nas águas do oceano Índico.

(extraido do livro hérois da fé)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Carlos Finney / Apóstolo de avivamentos

Carlos Finney / Apóstolo de avivamentos



(1792-1875)


Perto da aldeia de New York Mills, no século dezenove, havia uma fábrica de tecidos movida pela força das águas do rio Oriskany. Certa manhã, os operários se achavam co­movidos, conversando sobre o poderoso culto da noite an­terior, no prédio da escola pública.

Não muito depois de começar o ruído das máquinas, o pregador, um rapaz alto e atlético, entrou na fábrica. O po­der do Espírito Santo ainda permanecia sobre ele; os ope­rários, ao vê-lo, sentiram a culpa de seus pecados a ponto de terem de se esforçar para poderem continuar a traba­lhar. Ao passar perto de duas moças que trabalhavam jun­tas, uma delas, no ato de emendar um fio, foi tomada de tão forte convicção, que caiu em terra, chorando. Segundos depois, quase todos em redor tinham lágrimas nos olhos e, em poucos minutos, o avivamento encheu todas as depen­dências da fábrica.

O diretor, vendo que os operários não podiam traba­lhar, achou que seria melhor cuidassem da salvação da al­-ma, e mandou que parassem as máquinas. A comporta das águas foi fechada e os operários se ajuntaram em um salão do edifício. O Espírito Santo operou com grande poder e dentro de poucos dias quase todos se converteram.

Diz-se acerca deste pregador, que se chamava Carlos Finney, que, depois de ele pregar em Governeur, no Estado de New York, não houve baile nem representação de teatro na cidade durante seis anos. Calcula-se que, durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas para Cristo pela obra direta e indireta de Finney. A sua au­tobiografia é o mais maravilhoso relato de manifestação do Espírito Santo, excetuando o livro de Atos dos Apóstolos. Alguns consideram o seu livro, "Teologia Sistemática", a maior obra sobre teologia, a não ser as Sagradas Escritu­ras.

- Como se explica o seu êxito tão destacado nos anais dos servos da Igreja de Cristo? - Sem dúvida era, antes de tudo, o resultado da sua profunda conversão.

Nasceu de uma família descrente e se criou em um lu­gar onde os membros da igreja conheciam, apenas, a for­malidade fria dos cultos. Finney era advogado; ao encon­trar, nos seus livros de jurisprudência, muitas citações da Bíblia comprou um exemplar com a intenção de conhecer as Escrituras. O resultado foi que, após a leitura, achou mais e mais interesse nos cultos dos crentes. Acerca da sua conversão ele relata, na sua autobiografia, o seguinte:

"Ao ler a Bíblia, ao assistir às reuniões de oração, e ou­vir os sermões de senhor Gale, percebi que não me achava pronto a entrar nos céus... Fiquei impressionado especial­mente com o fato de as orações dos crentes, semana após semana, não serem respondidas. Li na Bíblia: 'Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á'. Li, também, que Deus é mais pronto a dar o Espírito Santo aos que lho pedirem, do que os pais terrestres a darem boas coisas aos filhos. Ouvia os crentes pedirem um derrama­mento do Espírito Santo e confessarem, depois, que não o receberam.

"Exortavam uns aos outros a se despertarem para pe­dir, em oração, um derramamento do Espírito de Deus e afirmavam que assim haveria um avivamento com a conversão de pecadores... Mas ao ler mais a Bíblia, vi que as orações dos crentes não eram respondidas porque não ti­nham fé, isto é, não esperavam que Deus lhes daria o que pediam... Entretanto, com isso senti um alívio acerca da veracidade do Evangelho... e fiquei convicto de que a Bíblia, apesar de tudo, é a verdadeira Palavra de Deus.

"Foi num domingo de 1821 que assentei no coração re­solver o problema sobre a salvação da minha alma e ter paz com Deus. Apesar das minhas grandes preocupações como advogado, resolvi seguir rigorosamente a determina­ção de ser salvo. Pela providência de Deus, não me achei muito ocupado nem segunda nem terça-feira, e consegui passar a maior parte do tempo lendo a Bíblia e orando.

"Mas ao encarar a situação resolutamente, achei-me sem coragem para orar sem tapar o buraco da fechadura. Antes deixava a Bíblia aberta na mesa com os outros livros e não me envergonhava de lê-la diante do próximo. Mas então, se entrasse alguém, eu colocaria um livro aberto sobre a Bíblia para escondê-la.

"Durante a segunda e a terça-feira, a minha con­vicção aumentou, mas parecia que o coração se havia en­durecido: eu não podia chorar, nem orar... Terça-feira, à noite, senti-me muito nervoso e parecia-me estar perto da morte. Reconhecia que, se eu morresse, por certo iria para o Inferno.

"De manhã cedo, fui para o gabinete... Parecia que uma voz me perguntava: - 'Por que esperas? Não prometes-te dar o coração a Deus? O que experimentas fazer? - al­cançar a justificação pelas obras?' Foi então que vi, clara­mente, como qualquer vez depois, a realidade e a plenitu­de da propiciação de Cristo. Vi que sua obra era completa e, em vez de eu necessitar duma justiça própria para Deus me aceitar, tinha de sujeitar-me à justiça de Deus por in­termédio de Cristo... Sem o saber, fiquei imóvel, não sei por quanto tempo, no meio da rua, no lugar onde a voz de dentro se dirigiu a mim. Então me veio a pergunta: - 'Aceitá-lo-ás, agora, hoje?' Repliquei: - 'Aceita-lo-ei hoje ou me esforçarei para isso até morrer...' Em vez de ir ao gabi­nete, voltei para entrar na floresta, onde podia derramar a alma sem alguém me ver nem me ouvir."Porém, o meu orgulho continuava a se manifestar; passei por cima dum alto e andei furtivamente atrás duma cerca, para que ninguém me visse, e pensasse que ia orar. Penetrei dentro da mata cerca de meio quilômetro, onde achei um lugar mais escondido entre algumas árvores caí­das. Ao entrar, disse a mim mesmo: 'Entregarei o coração a Deus, ou então não sairei daqui'.

"Mas ao tentar orar, o coração não queria. Pensara que, uma vez sozinho, onde ninguém pudesse ouvir-me, podia orar livremente. Porém, ao experimentar fazê-lo, achei-me sem coisa alguma a dizer a Delis. Toda a vez que tentava orar, parecia-me ouvir alguém chegando.

"Por fim, achei-me quase em desespero. O coração es­tava morto para com Deus e não queria orar. Então repro­vei-me a mim mesmo por ter-me comprometido a entregar o coração a Deus antes de sair da mata. Comecei a pensar que Deus já me tivesse abandonado... Achei-me tomado de uma fraqueza demasiadamente grande para ficar de joe­lhos.

"Foi justamente nessa altura que pensei novamente que ouvia alguém se aproximando e abri os olhos para ver. Logo foi-me revelado que o orgulho do meu coração era a barreira entre mim e a minha salvação. Fui vencido pela convicção do grande pecado de eu envergonhar-me se al­guém me encontrasse de joelhos perante Deus, e bradei em alta voz que não abandonaria o lugar, nem que todos os ho­mens da terra e todos os demônios do Inferno me cercas­sem. Gritei: 'Ora, um vil pecador como eu, de joelhos pe­rante o grande e santo Deus, e confessando-lhes os peca­dos, e me envergonho dele perante o próximo, pecador também, porque me encontro de joelhos para achar paz com o meu Deus ofendido!' O pecado parecia-me horren­do, infinito. Fiquei quebrantado até o pó perante o Senhor. Nessa altura, a seguinte passagem me iluminou: 'Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração...'

"Continuei a orar e a receber promessas e a apropriar-me delas, não sei por quanto tempo. Orei até que sem sa­ber como, achei-me voltando para a estrada. Lembro-mede que disse a mim mesmo: 'Se eu me converter, pregarei o Evangelho'.

"Na estrada, voltando para a aldeia, certifiquei-me da preciosa paz e da gloriosa calma na minha mente. - 'Que é isso?' Perguntei-me a mim mesmo. - 'Entristecera eu o Espírito Santo até retirar-se de mim? Não sinto mais con­vicção...' Então lembrei-me de que dissera a Deus, que confiaria na sua Palavra... A calma de meu espírito era in­descritível... Fui almoçar, mas não tinha vontade de co­mer. Fui ao gabinete, mas meu sócio não voltara do almo­ço. Comecei a tocar a música de um hino no rebecão, como de costume. Porém, ao começar a cantar as palavras sagra­das, o coração parecia derreter-se e só podia chorar...

"Ao entrar e fechar a porta atrás de mim, parecia-me ter encontrado o Senhor Jesus Cristo face a face. Não me entrou na mente, na ocasião, nem por algum tempo de­pois, que era apenas uma concepção mental. Ao contrário, parecia-me que eu o encontrara como encontro qualquer pessoa. Ele não disse coisa alguma, mas olhou para mim de tal forma, que fiquei quebrantado e prostrado aos seus pés. Isso, para mim, foi, depois, uma experiência extraor­dinária, porque parecia-me uma realidade, como se Ele mesmo ficasse em pé perante mim, e eu me prostrasse aos seus pés e lhe derramasse a minha alma. Chorei alto e fiz tanta confissão quanto foi possível, entre soluços. Parecia-me que lavava os seus pés com as minhas lágrimas; contu­do, sem sentir ter tocado na sua pessoa...

"Ao virar-me para me sentar, recebi o poderoso batis­mo com o Espírito Santo. Sem o esperar, sem mesmo saber que havia tal para mim, o Espírito Santo desceu de tal ma­neira, que parecia encher-me corpo e alma. Senti-o como uma onda elétrica que me traspassava repetidamente. De fato, parecia-me como ondas de amor liquefeito; porque não sei outra maneira de descrever isso. Parecia o próprio fôlego de Deus.

"Não existem palavras para descrever o maravilhoso amor derramado no meu coração. Chorei de tanto gozo e amor que senti; acho melhor dizer que exprimi, chorando em alta voz, as inundações indizíveis do meu coração. As ondas passaram sobre mim, uma após outra, até eu clamar: 'Morrerei, se estas ondas continuarem a passar sobre mim!.Senhor, não suporto mais!' Contudo, não receava a morte.

"Não sei por quanto tempo este batismo continuou a passar sobre mim e por todo o meu ser. Mas sei que era já noite quando o dirigente do coro veio ao gabinete para me visitar. Encontrou-me nesse estado de choro aos gritos e perguntou: - 'Sr. Finney, que tem?' Por algum tempo não pude responder-lhe. Então ele perguntou mais: - 'Está sentindo alguma dor?' Com dificuldade respondi: - Não, mas sinto-me demasiado feliz para viver.

"Saiu e, daí a pouco, voltou acompanhado por um dos anciãos da igreja. Esse ancião sempre foi um homem de espírito ponderado e quase nunca ria. Ele, ao entrar, en­controu-me no mesmo estado, mais ou menos, como quan­do o rapaz o foi chamar. Queria saber o que eu sentia e eu comecei a lhe explicar. Mas, em vez de responder-me, foi tomado de um riso espasmódico. Parecia impossível evitar o riso que procedia do fundo do seu coração."

Nessa altura, entrou certo rapaz que começara a fre­qüentar os cultos da igreja. Presenciou tudo por alguns momentos, até cair ao chão em grande angústia de alma, clamando: "Orem por mim!"

O ancião da igreja e o outro crente oraram e depois Fin­ney também orou e logo após todos se retiraram deixando Finney sozinho.

Ao deitar-se para dormir, Finney adormeceu, mas logo se acordou, por causa do amor que lhe transbordava do co­ração. Isso aconteceu repetidas vezes durante a noite. Sobre isso ele escreveu depois:

"Quando me acordei, de manhã, a luz do sol penetrava no quarto. Faltam-me palavras para exprimir os meus sen­timentos ao ver a luz do sol. No mesmo instante, o batismo do dia anterior voltou sobre mim. Ajoelhei-me ao lado da cama e chorei pelo gozo que sentia. Passei muito tempo sem poder fazer coisa alguma senão derramar a alma pe­rante Deus".

Durante o dia, o povo se ocupava em falar na conversão do advogado. Ao anoitecer, sem qualquer anúncio do culto, ajuntou-se uma multidão no templo. Quando Finney relatou o que Deus fizera na sua alma, muitos foram profunda­mente comovidos; um, sentiu-se tão convicto que voltou a casa sem o chapéu. Certo advogado afirmou: "É claro que ele é sincero; mas que enlouqueceu, é evidente." Finney fa­lou e orou com grande liberdade. Realizavam-se cultos to­das as noites por algum tempo, aos quais assistiam pessoas de todas as classes. Esse grande avivamento espalhou-se para muitos lugares em redor.

Finney continuou:

"Por oito dias [depois da sua conversão) o meu cora­ção permanecia tão cheio, que não sentia desejo de comer nem de dormir. Parecia-me que tinha um manjar para co­mer que o mundo não conhecia. Não sentia necessidade de alimentar-me nem de dormir... Por fim, cheguei a ver que devia comer como de costume e dormir quanto fosse possí­vel.

"Grande poder acompanhava a Palavra de Deus; todos os dias admirava-me ao notar como poucas palavras, diri­gidas a uma pessoa, traspassavam-lhe o coração como uma seta.

"Não demorei muito em ir visitar meu pai. Ele não era salvo; o único membro da família que fizera profissão de religião era meu irmão mais novo. Meu pai encontrou-me no portão e me perguntou: - 'Como tem passado, Carlos?' Respondi-lhe: - Bem, meu pai, tanto no corpo como na al­ma. Meu pai, o senhor já é idoso, todos os seus filhos estão crescidos e casados; e nunca ouvi alguém orar na sua casa. Ele baixou a cabeça e começou a chorar, dizendo: - 'É ver­dade, Carlos; entre, e você mesmo ore'.

"Entramos e oramos. Meus pais ficaram comovidos e, não muito depois, converteram-se. Se a minha mãe tinha qualquer esperança antes, ninguém o sabia".

Assim, esse advogado, Carlos G. Finney, perdeu todo o gosto pela sua profissão e se tornou um dos mais famosos pregadores do Evangelho. Acerca de seu método de trabalhar, ele escreveu:

"Dei grande ênfase à oração como indispensável, se realmente queríamos um avivamento. Esforçava-me por ensinar a propiciação de Jesus Cristo, sua divindade, sua missão divina, sua vida perfeita, sua morte vicária, sua ressurreição, a necessidade de arrependimento e de fé, a justificação pela fé, e outras doutrinas que se tornaram vi­vas pelo poder do Espírito Santo.

"Os meios empregados eram simplesmente pregação, cultos de oração, muita oração em secreto, intensivo evangelismo pessoal e cultos para a instrução dos interessados.

"Eu tinha o costume de passar muito tempo orando; acho que, às vezes, orava realmente sem cessar. Achei, também, grande proveito em observar freqüentemente dias inteiros de jejum em secreto. Em tais dias, para ficar inteiramente sozinho com Deus, eu entrava na mata, ou me fechava dentro do templo..."

Vê-se no seguinte, a maneira como Finney e seu com­panheiro de oração, o irmão Nash, "bombardeavam" os céus com as suas intercessões:

"Quase um quilômetro distante da residência do se­nhor S, morava certo adepto do universalismo. Nos seus preconceitos religiosos, recusava-se a assistir aos cultos. Certa vez o irmão Nash, que se hospedava comigo na casa do senhor S, retirou-se para dentro da mata para lutar em oração, sozinho, bem cedo de madrugada, conforme seu costume. A atmosfera era tal nessa ocasião que se ouvia qualquer som de longe. O universalista ao levantar-se, de madrugada, saiu de casa e ouviu a voz de quem orava, e, apesar de não compreender muitas das palavras, reconhe­ceu quem orava. E isso traspassou-lhe o coração como uma flecha. Sentiu a realidade da religião como nunca. A flecha permanecia. E ele achou alívio somente crendo em Cris­to".

Acerca do espírito de oração, Finney afirmou que "era coisa comum nesses avivamentos, os recém-convertidos se acharem tomados pelo desejo de orar noites inteiras até lhes faltarem as forças físicas. O Espírito Santo constran­gia grandemente o coração dos crentes, e sentiam constan­temente a responsabilidade pela salvação das almas imor­tais. A solenidade da mente se manifestava no cuidado com que falavam e se comportavam. Era muito comum encontrar crentes juntos caídos de joelhos em oração em vez de ocupados em palestras".

Em certo tempo, quando as nuvens de perseguição enegreciam cada vez mais, Finney, como era seu costume sob tais circunstâncias, sentia-se dirigido a dissipá-las, oran­do. Em vez de falar pública ou particularmente acerca das acusações, ele orava. Acerca da sua experiência escreveu: "Eu olhava para Deus com grande anelo, dia após dia, ro­gando que Ele me mostrasse o plano a seguir e a graça para suportar a borrasca... O Senhor mostrou-me, em uma vi­são, o que eu tinha de enfrentar. Ele chegou-se tão perto de mim, enquanto eu orava, que a minha carne literalmente estremecia sobre os ossos. Eu tremia da cabeça aos pés, sob o pleno conhecimento da presença de Deus".

Acrescentamos mais um exemplo, tirado da sua auto­biografia, da maneira de o Espírito Santo operar na sua pregação:

"Ao chegar, na hora anunciada para iniciar o culto, achei o prédio da escola repleto e tinha de ficar em pé perto da entrada. Cantamos um hino, isto é, o povo pretendia cantar. Entretanto, eles não tinham o costume de cantar os hinos de Deus, e cada um desentoava à sua própria ma­neira. Não podia conter-me e lancei-me de joelhos e come­cei a orar. O Senhor abriu as janelas dos céus, derramou o espírito de oração e entreguei-me de toda a alma a orar.

"Não escolhera um texto, mas logo ao levantar-me dos joelhos, eu disse: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade . Acrescentei que havia dois homens, um se chamava Abraão, e outro, Ló... Contei-lhes como Ló se mudara para Sodoma... O lugar era excessiva­mente corrupto... Deus resolveu destruir a cidade e Abraão orou por Sodoma. Mas os anjos acharam somente um justo lá, era Ló. Os anjos disseram: 'Tens alguém mais aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens nesta cidade, tira-os fora deste lugar; porque nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem engrossado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo'.

"Ao relatar estas coisas, os ouvintes se mostraram ira­dos a ponto de me açoitarem. Nessa altura, deixei de pre­gar e lhes expliquei que compreendera que nunca se reali­zara culto ali e que eu tinha o direito de, assim, considerá-los corruptos. Salientei isso com mais e mais ênfase e, com o coração cheio de amor até não poder mais conter-me.

"Depois de eu assim falar cerca de quinze minutos, pa­recia cair sobre os ouvintes uma tremenda solenidade e co­meçaram a cair ao chão, clamando e pedindo misericórdia. Se eu tivesse tido uma espada em cada mão, não os pode­ria derrubar tão depressa como caíram. De fato, dois mi­nutos depois de os ouvintes sentirem o choque do Espírito vir sobre eles, quase todos estavam ou caídos de joelhos ou prostrados no chão. Todos os que podiam falar de qualquer maneira, oravam por si mesmos.

"Tive de deixar de pregar, porque os ouvintes não pres­tavam mais atenção. Vi o ancião que me convidara para pregar, sentado no meio do salão, olhando em redor, estu­pefato. Gritei bem alto para ele ouvir, apesar da balbúrdia, pedindo-lhe que orasse. Caiu de joelhos e começou a orar em voz retumbante; mas o povo não prestou atenção. Gritei: Vós não estais ainda no Inferno; quero dirigir-vos a Cristo. O coração transbordava de gozo ao presenciar tal cena. Quando pude dominar os meus sentimentos, virei-me para um rapaz que estava perto de mim, consegui atrair a sua atenção e preguei Cristo, em voz bem alta, ao seu ouvido. Logo, ao olhar para a 'cruz' de Cristo, ele acal­mou-se por um pouco e então rompeu em oração pelos ou­tros. Depois fiz o mesmo com um outro; depois com mais outro e continuei assim tratando com eles até a hora do culto da noite, na aldeia. Deixei o ancião que me convidara a pregar, para continuar a obra com os que oravam.

"Ao voltar, havia tantos clamando a Deus que não po­demos encerrar a reunião, que continuou o resto da noite. Ao amanhecer o dia, alguns ainda permaneciam com a alma ferida. Não se podiam levantar e, para dar lugar às aulas, foi necessário levá-los a uma residência não muito distante. De tarde mandaram chamar-me porque ainda não findara o culto.

"Só nesta ocasião cheguei a saber a razão de o auditório agastar-se da mensagem. Aquele lugar cognominava-se 'Sodoma' e havia somente um homem piedoso lá a quem o povo tratava de 'Ló'. Era o ancião que me convidara a pre­gar."Depois de já velho, Finney escreveu acerca do que o Se­nhor fez em "Sodoma". "Embora esse avivamento caísse tão repentinamente sobre eles era tão empolgante que as conversões eram profundas e a obra permanente e genuína. Nunca ouvi falar em qualquer repercussão desfavorável."

Não foi só na América do Norte que Finney viu o Espí­rito Santo cair e abater os ouvintes em terra. Na Inglater­ra, durante os nove meses de evangelização, que Finney promoveu lá, multidões também se prostraram enquanto ele pregava - em certa ocasião mais de dois mil, de uma vez.

Alguns pregadores confiam na instrução e ignoram a obra do Espírito Santo. Outros, com razão, rejeitam tal ministério infrutífero e sem graça; oram a Deus para o Espírito Santo tomar conta e alegram-se no grande pro­gresso da obra de Deus. Mas, ainda outros, como Finney, dedicam-se a buscar o poder do Espírito Santo, sem des­prezar a arma de instrução, e vêem resultados incrivel­mente mais vastos.

Durante os anos de 1851 a 1866, Finney foi diretor do Colégio de Oberlin e ensinou a um total de 20 mil estudan­tes. Dava mais ênfase ao coração puro e ao batismo com o Espírito Santo do que à preparação do intelecto; de Ober­lin saiu uma corrente contínua de alunos cheios do Espíri­to Santo. Assim, depois dos anos de uma campanha inten­siva de evangelismo e no meio dos seus esforços no colégio, "em 1857, Finney via cerca de 50 mil, todas as semanas, converterem-se a Deus." (By My Spirit, Jônathan Go­forth, p. 183.) Os diários de New York, às vezes quase não publicavam outras notícias, senão do avivamento.

Suas lições aos crentes sobre avivamento foram publi­cadas, primeiro em um jornal e depois em um livro de 445 páginas e que se intitulava "Discursos Sobre Avivamen­tos". As primeiras duas edições, de 12 mil exemplares, fo­ram vendidas logo ao saírem do prelo. Outras edições fo­ram impressas em vários idiomas. Uma só editora em Lon­dres publicou 80 mil. Entre suas outras obras de circulação mundial, contam-se as seguintes: sua "Autobiografia", "Discursos aos Crentes" e "Teologia Sistemática".

Os convertidos nos cultos de Finney eram pela graça constrangidos a andar de casa em casa para ganhar almas. Ele mesmo se esforçava para preparar o maior número de obreiros em Oberlin College. Mas o desejo que ardia sem­pre em tudo era o de transmitir a todos o espírito de ora­ção. Pregadores como Abel Câry e Father Nash viajavam com ele e, enquanto ele pregava, eles continuavam prostrados em oração. Vejamos isso nas palavras de Finney:

"Se eu não tivesse o espírito de oração, não alcançaria coisa alguma. Se por um dia, ou por uma hora eu perdesse o espírito de graça e de súplica, não poderia pregar com po­der e fruto, e nem ganhar almas pessoalmente."

Para que alguém não julgue que a obra era superficial, citamos outro escritor: "Descobriu-se, por pesquisa empol­gante, que mais de 85 pessoas de cada 100 que se conver­tiam sob a pregação de Finney, permaneciam fiéis a Deus; enquanto 75 pessoas de cada cem, das que professaram conversão nos cultos de algum dos maiores pregadores, se desviavam. Parece que Finney tinha o poder de impressio­nar a consciência dos homens, sobre a necessidade de um viver santo, de tal maneira que produzia fruto mais per­manente." (Deeper Experiences of Famous Christians, p. 243.)

Finney continuou a inspirar os estudantes de Oberlin College até a idade de 82 anos. Já no fim da vida, perma­necia tão lúcido de mente como quando jovem e sua vida nunca foi tão rica no fruto do Espírito e na beleza da sua santidade do que nesses últimos anos. No domingo, 16 de agosto de 1875, pregou seu último sermão. Mas de noite não assistiu ao culto. Ao ouvir os crentes cantarem "Jesus lover of my soul, let me to Thy bosom fly", saiu até o por­tão na frente da casa, e com estes que tanto amava, foi a última vez que cantou na terra. Acordou-se à meia-noite, sofrendo dores lancinantes no coração. Sofrera assim mui­tas vezes durante a sua vida. Semeara as sementes de avi­vamento e as regara com lágrimas. Todas as vezes que re­cebeu o fogo da mão de Deus, foi com sofrimento. Final­mente, antes de amanhecer o dia, dormiu na terra para acordar na Glória, nos céus. Faltavam-lhe apenas treze dias para completar 83 anos de vida aqui na terra

(extraido do livro hérois da fé)